Revolução
Inglesa e a Revolução Industrial
Para
dar início ao trabalho, cuja proposta é analisar tanto a Revolução Inglesa,
quanto a Revolução Industrial, precisamos, inicialmente, compreender a noção de
“revolução” para os conceitos da idade moderna. Este conceito toma palco em
meio a uma Europa pré-Revolução Francesa, portanto, nenhuma revolução, dentro
deste contexto, apresentava o intuito de promover uma ruptura social ou
institucional. Dessa forma, qual seria a forma correta de se interpretar uma
revolução no contexto entre os séculos XVII e XVIII? A noção de uma revolução
estaria atrelada perante uma concepção restauradora e conservadora. Observa-se
também que revolta não é entendido como sinônimo de revolução. Uma revolta
compreende uma insatisfação local, ao passo que, uma revolução diz respeito a
uma questão geral do Estado.
Dentro
da Revolução Inglesa, o principal objetivo era em garantir a primazia do
Parlamento, frente ao poder que se concentrava cada vez mais na figura do Rei, neste
caso, representado por Carlos I. Nesta perspectiva, trazendo os conceitos de
revolução dentro da modernidade, a revolução não é vista como quebra da legalidade
ou, por assim dizer, um golpe.
Compreende-se
a revolução através do surgimento de grupos políticos que se dividiam em dois
níveis: os “Levellers” (niveladores) e os “Diggers” (cavadores).
Os Levellers representavam a parcela moderada, constituindo-se através
da pequena burguesia. Os Diggers, por sua vez, representavam um grupo
mais radical, constituído através da organização de trabalhadores. Esses grupos
apresentavam soluções para questões políticas e econômica.
Parafraseando
Christopher Hill, esta foi a maior revolução que já aconteceu na Grã-Bretanha.
Ao final das tensões, o exército do Parlamento vence as tropas do enfraquecido
Carlos I, levando, pela primeira vez na história do Estado britânico, ao
assassinato de um monarca. Após a execução de Carlos I, instaurou-se a primeira
experiência republicana na Inglaterra.
Oliver
Cromwell, um antigo membro do Parlamento, instaura aquilo que vira a ser
conhecido como Commonwelth. Cromwell foi fundamental para a
implementação da base para a ascensão econômica Britânica. Em meados de 1650,
promulga os chamados “Atos de Navegação”, estabelecendo, a partir de 1651, a
Inglaterra como uma potência marítima. Os atos buscavam restringir o uso de
navios estrangeiros. Os produtos britânicos seriam importados e exportados
apenas por navios Britânicos. O objetivo era eliminar principalmente a
concorrência das companhias holandesas. A marinha Britânica também estaria a
disposição para realizar importações e exportações mediante pagamento de frete.
A
longo prazo, as consequências da Revolução Inglesa acabaram por beneficiar a
pequena nobreza, conhecidos como “Gentry”. Os Gentry representam a
“burguesia nobre”. Diferente dos aristocratas detentores de títulos de nobreza.
(Duques, Marquês, Conde, Visconde e Barão), os Gentry buscavam
reconhecimento social através da apropriação de costumes nobres, em alguns
casos, levando inclusive a compra de títulos nobiliárquicos. (HILL,
Christopher.)
O
afastamento de Cromwell da aristocracia, levaria a Inglaterra, após a sua
morte, a abrir novos caminhos para o retorno da monarquia, apoiada pela chamada
nobreza real. Todos os revolucionários, após a ascensão de Carlos II, foram
classificados como “persona non grata” em todo o território, pois representavam
um risco a existência do governo régio.
Para
entrar na Revolução Industrial, é necessário antes fazer um comentário sobre o
processo dos cercamentos. Muito relevante, tanto para as Revoluções Inglesas,
quanto para a Revolução Industrial. O cercamento de terras é um procedimento
adotado desde o século XV, se desenvolvendo até meados de XIX. Esta política
consistia na divisão das terras comunais em propriedades privadas. As terras
comunais são faixas territoriais na qual todos os habitantes de uma aldeia
possuíam direitos comuns de uso. O cercamento contribuiu para o aumento da
desigualdade social e foi amplamente denunciado por Thomas More. (HILL,
Christopher.)
Entretanto,
apesar do fim das terras comunais serem responsáveis por um aumento da
desigualdade, existia uma “política de assistencialismo” fornecida pela Coroa
Britânica desde as épocas da dinastia Tudor. Eram estas as chamadas “Poor Law”
(Lei dos Pobres). Consistia em uma compensação pública por parte da coroa para
amortizar a pobreza nas grandes cidades, que acabariam por receber todos os
migrantes oriundos da política dos cercamentos.
O
processo de Revolução Industrial caracteriza a transição entre a época moderna
para a contemporânea. Uma questão muito interessante de se analisar é o fato de
que a noção de indústrias, na forma como é compreendida nos dias atuais, não
existia na época. A real transição existente nesse primeiro momento da
Revolução Industrial é uma transição entre as chamadas guildas manufatureiras
para os processos de construção em máquinas não muito complexas que ainda
necessitavam da mão de obra humana, a exemplo destas máquinas destaque o tear
manual.
Durante
a realidade do século XVIII, o que se observou dentro da Inglaterra foi um
processo migratório e aumento da mão de obra nos grandes centros urbanos. Os
cercamentos, mencionados no parágrafo anterior, foi um fator significativo
nesse processo migratório. A partir do momento em que as pessoas perdiam o
acesso as terras, elas migravam para buscar novas formas de se sustentar.
O
recurso mais valioso, dentro desta fase inicial da Revolução Industrial, era o
tempo. O controle do tempo era uma autoridade restrita a poucos. Para conseguir
interpretar e realizar uma leitura correta de um relógio, exige um mínimo de
conhecimento letrado. Thompson disserta sobre a perda da noção de tempo por
parte da classe operária. A adulteração de relógios somado a restrição da luz
natural, permitia a manipulação do tempo por parte da burguesia, possibilitando
longas jornadas de trabalhos com a intenção de aumentar os lucros.
Um
outro fator que levou a Inglaterra a protagonizar a Revolução Industrial foi a
chamada Revolução Científica. Através desde longo movimento, que toma palco
ainda no século XVI e se desenvolve até o século XVIII, o homem passou a
estruturar novos mecanismos de consolidar conhecimento, desenvolver cálculos
matemáticos, habilidades agrícolas assim como a desvinculação da metodologia
medieval.
A
partir das novas descobertas, possibilitou a criação da primeira máquina a
vapor de Thomas Newcomen, em meados do século XIX. Esta invenção vai ser um
divisor de águas para a sociedade moderna, tanto a partir da introdução das
locomotivas em linhas férreas quanto o surgimento de navios a vapor que, por
consequência direta dos atos de navegação de Cromwell, representavam o grande
destaque da economia Britânica.
Bibliografia
HILL, Cristopher.
O Mundo de Ponta-Cabeça, ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640.
Companhia das Letras. Rio de Janeiro. 1987.
MANTOUX, Paul. A Revolução
Industrial no Século XVIII. Hucitec. São Paulo.
CHAUNU, Pierre. A Civilização da
Europa Clássica. Volume 1. Estampa. 1985.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das
Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
Para
dar início ao trabalho, cuja proposta é analisar tanto a Revolução Inglesa,
quanto a Revolução Industrial, precisamos, inicialmente, compreender a noção de
“revolução” para os conceitos da idade moderna. Este conceito toma palco em
meio a uma Europa pré-Revolução Francesa, portanto, nenhuma revolução, dentro
deste contexto, apresentava o intuito de promover uma ruptura social ou
institucional. Dessa forma, qual seria a forma correta de se interpretar uma
revolução no contexto entre os séculos XVII e XVIII? A noção de uma revolução
estaria atrelada perante uma concepção restauradora e conservadora. Observa-se
também que revolta não é entendido como sinônimo de revolução. Uma revolta
compreende uma insatisfação local, ao passo que, uma revolução diz respeito a
uma questão geral do Estado.
Dentro
da Revolução Inglesa, o principal objetivo era em garantir a primazia do
Parlamento, frente ao poder que se concentrava cada vez mais na figura do Rei, neste
caso, representado por Carlos I. Nesta perspectiva, trazendo os conceitos de
revolução dentro da modernidade, a revolução não é vista como quebra da legalidade
ou, por assim dizer, um golpe.
Compreende-se
a revolução através do surgimento de grupos políticos que se dividiam em dois
níveis: os “Levellers” (niveladores) e os “Diggers” (cavadores).
Os Levellers representavam a parcela moderada, constituindo-se através
da pequena burguesia. Os Diggers, por sua vez, representavam um grupo
mais radical, constituído através da organização de trabalhadores. Esses grupos
apresentavam soluções para questões políticas e econômica.
Parafraseando
Christopher Hill, esta foi a maior revolução que já aconteceu na Grã-Bretanha.
Ao final das tensões, o exército do Parlamento vence as tropas do enfraquecido
Carlos I, levando, pela primeira vez na história do Estado britânico, ao
assassinato de um monarca. Após a execução de Carlos I, instaurou-se a primeira
experiência republicana na Inglaterra.
Oliver
Cromwell, um antigo membro do Parlamento, instaura aquilo que vira a ser
conhecido como Commonwelth. Cromwell foi fundamental para a
implementação da base para a ascensão econômica Britânica. Em meados de 1650,
promulga os chamados “Atos de Navegação”, estabelecendo, a partir de 1651, a
Inglaterra como uma potência marítima. Os atos buscavam restringir o uso de
navios estrangeiros. Os produtos britânicos seriam importados e exportados
apenas por navios Britânicos. O objetivo era eliminar principalmente a
concorrência das companhias holandesas. A marinha Britânica também estaria a
disposição para realizar importações e exportações mediante pagamento de frete.
A
longo prazo, as consequências da Revolução Inglesa acabaram por beneficiar a
pequena nobreza, conhecidos como “Gentry”. Os Gentry representam a
“burguesia nobre”. Diferente dos aristocratas detentores de títulos de nobreza.
(Duques, Marquês, Conde, Visconde e Barão), os Gentry buscavam
reconhecimento social através da apropriação de costumes nobres, em alguns
casos, levando inclusive a compra de títulos nobiliárquicos. (HILL,
Christopher.)
O
afastamento de Cromwell da aristocracia, levaria a Inglaterra, após a sua
morte, a abrir novos caminhos para o retorno da monarquia, apoiada pela chamada
nobreza real. Todos os revolucionários, após a ascensão de Carlos II, foram
classificados como “persona non grata” em todo o território, pois representavam
um risco a existência do governo régio.
Para
entrar na Revolução Industrial, é necessário antes fazer um comentário sobre o
processo dos cercamentos. Muito relevante, tanto para as Revoluções Inglesas,
quanto para a Revolução Industrial. O cercamento de terras é um procedimento
adotado desde o século XV, se desenvolvendo até meados de XIX. Esta política
consistia na divisão das terras comunais em propriedades privadas. As terras
comunais são faixas territoriais na qual todos os habitantes de uma aldeia
possuíam direitos comuns de uso. O cercamento contribuiu para o aumento da
desigualdade social e foi amplamente denunciado por Thomas More. (HILL,
Christopher.)
Entretanto,
apesar do fim das terras comunais serem responsáveis por um aumento da
desigualdade, existia uma “política de assistencialismo” fornecida pela Coroa
Britânica desde as épocas da dinastia Tudor. Eram estas as chamadas “Poor Law”
(Lei dos Pobres). Consistia em uma compensação pública por parte da coroa para
amortizar a pobreza nas grandes cidades, que acabariam por receber todos os
migrantes oriundos da política dos cercamentos.
O
processo de Revolução Industrial caracteriza a transição entre a época moderna
para a contemporânea. Uma questão muito interessante de se analisar é o fato de
que a noção de indústrias, na forma como é compreendida nos dias atuais, não
existia na época. A real transição existente nesse primeiro momento da
Revolução Industrial é uma transição entre as chamadas guildas manufatureiras
para os processos de construção em máquinas não muito complexas que ainda
necessitavam da mão de obra humana, a exemplo destas máquinas destaque o tear
manual.
Durante
a realidade do século XVIII, o que se observou dentro da Inglaterra foi um
processo migratório e aumento da mão de obra nos grandes centros urbanos. Os
cercamentos, mencionados no parágrafo anterior, foi um fator significativo
nesse processo migratório. A partir do momento em que as pessoas perdiam o
acesso as terras, elas migravam para buscar novas formas de se sustentar.
O
recurso mais valioso, dentro desta fase inicial da Revolução Industrial, era o
tempo. O controle do tempo era uma autoridade restrita a poucos. Para conseguir
interpretar e realizar uma leitura correta de um relógio, exige um mínimo de
conhecimento letrado. Thompson disserta sobre a perda da noção de tempo por
parte da classe operária. A adulteração de relógios somado a restrição da luz
natural, permitia a manipulação do tempo por parte da burguesia, possibilitando
longas jornadas de trabalhos com a intenção de aumentar os lucros.
Um
outro fator que levou a Inglaterra a protagonizar a Revolução Industrial foi a
chamada Revolução Científica. Através desde longo movimento, que toma palco
ainda no século XVI e se desenvolve até o século XVIII, o homem passou a
estruturar novos mecanismos de consolidar conhecimento, desenvolver cálculos
matemáticos, habilidades agrícolas assim como a desvinculação da metodologia
medieval.
A
partir das novas descobertas, possibilitou a criação da primeira máquina a
vapor de Thomas Newcomen, em meados do século XIX. Esta invenção vai ser um
divisor de águas para a sociedade moderna, tanto a partir da introdução das
locomotivas em linhas férreas quanto o surgimento de navios a vapor que, por
consequência direta dos atos de navegação de Cromwell, representavam o grande
destaque da economia Britânica.
Bibliografia
HILL, Cristopher. O Mundo de Ponta-Cabeça, ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. Companhia das Letras. Rio de Janeiro. 1987.
MANTOUX, Paul. A Revolução Industrial no Século XVIII. Hucitec. São Paulo.
CHAUNU, Pierre. A Civilização da
Europa Clássica. Volume 1. Estampa. 1985.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das
Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
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