Resumo Informativo: "Como se escreve a história" (cap.1)


 RESUMO INFORMATIVO

VEYNE, Paul. “Nada Mais Do Que Uma Narrativa Verídica”. In: Como Se Escreve A História. Lisboa: Edições 70, 2008 (1971).



A obra abordada neste resumo é o livro Como Se Escreve A História, capítulo I, escrita por Paul Veyne, um arqueólogo e historiador Francês nascido no ano de 1930, especialista em historicidade clássica e titular da cadeira de história de Roma. Em seu livro, Veyne procura elaborar um diálogo crítico ao se questionar a história. O que é a história? Quais são as finalidades do homem para a história? Os documentos falam toda a verdade? Os fatos são coletivos ou individuais? A história é integral?

O capítulo I se inicia com a questão dos acontecimentos humanos, na qual o autor afirma que o homem é o ator envolvido na trama da história e “a presença humana não é necessariamente para que os acontecimentos excitem a nossa curiosidade.” (VEYNE, pg:12). A história não é uma ciência, não possui um método e não explica nada, ela é a narrativa de acontecimentos que foram selecionados, simplificados e organizados para resumir fatos.

O documento é a voz do acontecimento deixado para a posteridade, neles estão contidos fatos e estes são reproduzidos pelos historiadores que relatam acontecimentos verdadeiros, acontecimentos humanos. “A história é filha da memória” (VEYNE, pg:13), portanto não é individual. O texto usa como exemplo a Batalha de Waterloo, na qual o mesmo acontecimento histórico, narrado por duas vozes diferentes, um soldado veterano e um marechal, teriam visões diferentes do mesmo fato histórico. O mesmo se aplica a interpretação de diferentes historiadores, pois mesmo que se tenha a oportunidade de conversar diretamente com o antepassado que vivenciou o momento de estudo, suas falas diretas poderiam ter diferentes tipos de interpretações por diferentes pessoas.

Para Paul Veyne a história não se repete, ela apenas é revista em forma de variações, cada fato, cada momento existe sua individualidade e por mais que múltiplos reis caíssem através de guerras, cada conflito apresentou suas particularidades ao decorrer de seus acontecimentos. O autor usa o exemplo do cão. “O cão que foi atropelado ontem não é o mesmo cão que foi atropelado hoje, atores diferentes de uma história parecida”. (pg:17).

“A história é anedótica, cativa a atenção contando, como o romance. Distingue-se do romance num ponto essencial” (VEYNE, pg:19), acontecimentos verdadeiros. Sendo a história conhecimentos através de documentos, o historiador não deve atuar de maneira tal qual a um dicionário, exaurindo informações e detalhes. A história não é uma ciência, é ideografia, um fato. Não existe um verdadeiro método de se fazer história pois ela não cobra nenhuma exigência, desde que sejam verdadeiros os documentos analisados. “Para o historiador a beleza não interessa, a raridade tampouco, apenas a verdade.” (VEYNE, pg:20).

Portanto, a história é integral? Paul Veyne diz que não. “A história é conhecimento mutilado, estudamos as partes daquilo que sobrou para nós analisarmos” (VEYNE, pg:21). Não pode ser dito o que foi a Guerra do Paraguai, as Cruzadas, o Império Romano ou a Resistência Francesa. Pode ser dito tudo aquilo que se pode saber, os registros documentados contam fatos da história, mas não contam toda a história. “História integral é uma ilusão. Os mesmos documentos que nos fornecem as respostas nos ditam as perguntas.” (VEYNE, pg:21). A certeza deixada pelo autor é a de que “não se pode escrever a história de acontecimentos dos quais não resta nenhum vestígio.” (VEYNE, pg:22).

Paul finaliza seu capítulo I refletindo o conhecimento mutilado. Os caminhos do historiador não são óbvios, as fontes não apresentam todos os fatos, há necessidade de um esforço para que sejam elaboradas e respondidas as respostas. A história, novamente, não é uma ciência e, portanto, não deve ser abordada tal qual um questionário inicialmente formulado, todavia “ela não tem por isso menos rigor, mas esse rigor coloca-se ao nível da crítica.” (VEYNE, pg:22).

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