KARL MARX E MAX WEBER
UMA BREVE COMPARAÇÃO
Neste
texto será trabalhada uma comparação entre os sociólogos Karl Marx e Max Weber,
abordando o contexto social e econômico estudado por eles, através de uma breve
síntese de seus pensamentos particulares. Para fins de base bibliográfica,
foram utilizados os livros: “Sobre a Teoria Marxiana da História nas Formações
Econômicas Pré-capitalistas”, de Marco Vanzulli, assim como, o livro: “As
Etapas do Pensamento Sociológico”, escrito por Raymond Aron.
Dentro
da sociologia, como já é amplamente conhecido, vários autores interpretam e
classificam a sociedade conforme suas respectivas bases, apontando diferentes
perspectivas, peculiares a partir de cada análise. Para se realizar uma
comparação entre Karl Marx e Max Weber, é necessário resumir, de forma muito
breve, suas interpretações e noções de sociedade e economia, respectivamente.
Dessa
forma, para Marx, a sociedade é desigual, herdando do capitalismo uma divisão
de classes sociais, nas quais seriam separadas entre burguesia e proletariados,
com a burguesia sendo a classe detentora dos meios de produção enquanto que, os
proletariados, a maior parcela da sociedade, viveria reprimido pela burguesia,
na qual usurparia a única detenção da classe proletária, sua força de trabalho,
fazendo para isso o uso da mão de obra assalariada. Expressado por Marco
Vanzulli em:
“Marx
tem sempre em mente a oposição entre proprietário e trabalhador [...]. A
propriedade é, em primeiro lugar, uma relação, como, de resto, o próprio
capital. [...] O indivíduo como trabalhador é um produto histórico, assim como
o homem enquanto indivíduo. Marx considera as formações pré-capitalistas em
geral como formações econômicas cujo fim é a produção de valores de uso, nas
quais o indivíduo não é justamente um simples trabalhador livre, mas sua relação
com as condições de trabalho é medida por sua existência como membro da
comunidade.” (VANZULLI, Marco. p. 03).
Embora
Weber também entenda a sociedade como desigual, para sua perspectiva, a
sociedade vai além da detenção de poderes, compreende-se a partir do conjunto
de ações dos indivíduos com o meio social. A diferenciação de renda, prestígio
e controle social, na perspectiva de Weber, acontece através da diferenciação
de habilidades e qualificações dos indivíduos. Como o autor Raymond Aron cita
em seu livro:
“Segundo
Max Weber, a sociologia é a ciência da ação social, que ele quer compreender
interpretando, e cujo desenvolvimento quer explicar, socialmente. Os três
fundamentos são, aqui, compreender, interpretar e explicar [...]” (ARON,
Raymond. p.501)
“Para
Weber as sociedades são feitas tanto de lutas como de acordos” (ARON, Raymond.
p. 503). Weber enxerga o capitalismo na sociedade como um combate entre
duelistas, sendo mais uma questão cultural que social. “A relação social do
combate se define pela vontade de cada um dos atores de impor-se ao outro
[...]” (ARON, Raymond. p. 503), portanto, Weber entende esse combate como a
concorrência e conclui que “A orientação recíproca das condutas é, neste caso,
ainda mais necessária do que num acordo, pois está em jogo a própria existência
dos combates” (ARON, Raymond. p. 503).
O
trabalho é enxergado como uma virtude, na visão de Max Weber. O sucesso
financeiro e individual dentro da sua área de atuação pertence ao espírito do
capitalismo, levando a salvação espiritual, seguindo as bases lógicas do
Calvinismo. Ao mesmo passo que, para Karl Marx, o trabalho é visto como
positivo apenas fora do processo capitalista. Dentro da sociedade capitalista,
a divisão social entre burguesia e proletário, levaria o trabalho apenas como
meio de exploração da mão de obra do proletário, na qual passaria a ser
alienado ao seu trabalho.
Portanto, podemos observar que, embora ambos os autores serem considerados pilares clássicos da sociologia, apresentam visão diferentes, com Marx defendendo o seu método de materialismo histórico e dialético que definiria a sociedade capitalista, através de uma estrutura de exploração na qual o trabalhador é “recompensado” com a menor parte das produções. Ao mesmo passo que, para Weber, a ética protestante é o espírito do capitalismo, através da sua influência de acumulo de riquezas, organização e disciplina. Weber não consegue enxergar um estudo da sociedade sem evidenciar as suas vontades particulares, a imparcialidade não pertence aos seres humanos.
Bibliografa
RAYMOND,
Aron. As etapas do pensamento sociológico. Tradução de Sérgio Bath – 5º edição.
São Paulo: Martins Fontes. 1999.
VANZULLI,
Marco. Sobre a teoria marxiana da história nas ‘formações econômicas
pré-capitalistas’. Crítica Marxista. São Paulo. Ed. Revan, v.1, n.22, 2006,
p.97-108.
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